ESCRAVO
Domada chibata ardente
em minha carne exposta,
nas mãos do delinquente,
Corre por minhas costas.
Chibata, chicote mortal,
serpeia pelo meu corpo
ardendo em meio ao sal
que vaza do meu rosto.
Brados, pedindo a Deus
piedade de meu espírito.
À mente, os filhos meus
gritando no mesmo grito.
Sangue diluído no cálice
da desumana arrogância,
esguicha de minhas veias
tal qual a tua ignorância.
Na batida desta chibata
não basta o meu gemido,
sou escravo, sou primata,
mais um ser já extinguido.
Na dor, a qual não te doeu,
ralha-te aos meus ouvidos:
"-És cravo! Ó,escravo meu!
Cravo-te na cruz, já jazido!"
- + -
®
Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 10 de maio de 2011.
Homenagem à Abolição Da Escravatura (13/05/1888 – Lei Áurea – Princesa Isabel) e aos escravos, em geral, dominados pela repressão e discriminação que, infelizmente, predomina até hoje no silêncio das chibatas, nos pelourinhos de quatro paredes e, até mesmo, na mente pendente e culpada, por nada.