VINDIMAS
As Vindimas, como um Mundo Novo,
São pra quem trabalha, mãos de pedra,
Uma Estação dum produto do Povo
Que como Rogas, tudo medra
Vindimando bagos d'ouro de renovo
Ano que vai de Setembro a Outubro
E que cada Povo
Tem o seu dia rubro.
As Vindimadeiras, cortando
Cachos d'Amor, para os cestos
Em fileiras cantando
Umas cantigas da vida verdadeira
Que os cachos estão prestes...
A cantar também.
As uvas dançam co'as canções,
D'embalar da terra-Mãe
Que cantam as Vindimadeiras
Sentimentos e pensamentos de compreensões,
Logo dumas Vindimas verdadeiras.
Os homens carregam os cestos ás costas,
Co'o suor a escorregar pelas testas
Lá vão eles, a andar pelas encostas
Duma vida dura, que não presta.
Levam cestos d'uvas douradas
Pra o caixão das camionetas.
Pra serem levadas para as adegas,
As uvas para se transformarem em Vinho
E o Vinho para serem estipuladas
Para os Mercados do bom caminho
As uvas vão para as suas enxergas(1)
E para o Vinho ser comprado
Nas Adegas, nas tabernas, nos supermercados,
No caminho do Bom Mercado
Que lá serão muito bem apreciadas.
As Vindimas, são na Estação
De outono-Inverno, vindimadas
E das quais elas vão
Para os lagares, serem torturadas.
As Vindimas como uma vida dura,
São o terrível trabalho para os trabalhadores
Pois eles co'o coração de metal
Vivem coitados debaixo daquelas censuras,
Que lhes torturam a vida real
Que fazem sofrer com muitas dores,
Da vida mal segura.
Cestos cheios d'uvas, pesados
Que 'té faz doer as costas
Mas para isso já foram criados
Eles coitados ...
Andam com uvas mostas
Curvados!
LUIS COSTA
1976
(1) enxergas - adegas ou lagares
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