«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
***
O Vento ainda canta
Dizem-me as trovas do vento
que só o vento é que passa;
mas não a nossa desgraça
que acompanha quem anda
esforçadamente em demanda
do pão escasso e da esperança
El Viento todavía Canta
Me dicen las trovas del viento
que es sólo el viento el que pasa;
pero no nuestra desgracia
que acompaña a quien anda
esforzadamente en la demanda
del escaso pan y la esperanza
© Maria Petronilho
Versão em espanhol: © Alberto Peyrano
***
O Vento ainda canta
Dizem-me as trovas do vento
Que silvam alem da infância
O que ontem foi um invento
Hoje aragem soprando a ânsia...
Que só o vento é que passa;
E ateia o que em mim é criança
O passado cheio de graça
Insuflando versar lembrança...
mas não a nossa desgraça
vivida nas procelas trilhadas
retirando da boca a mordaça
poeto dissipando chibatadas..
que acompanha quem anda
nas nuvens negras dos traços
matizo enfeitando a ciranda
recitando os rastos dos paços.
esforçadamente em demanda
voejo bradando que sentindo
arvora da mente que vianda
A NEGRA Poetisa sorrindo...
do pão escasso e da esperança
sem esquecer o pobre destino
da senzala sua triste herança
louva Castro Alves meu hino....
Glosa... “A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
19/11/2006
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
***
O Vento ainda canta
Dizem-me as trovas do vento
que só o vento é que passa;
mas não a nossa desgraça
que acompanha quem anda
esforçadamente em demanda
do pão escasso e da esperança
El Viento todavía Canta
Me dicen las trovas del viento
que es sólo el viento el que pasa;
pero no nuestra desgracia
que acompaña a quien anda
esforzadamente en la demanda
del escaso pan y la esperanza
© Maria Petronilho
Versão em espanhol: © Alberto Peyrano
***
O Vento ainda canta
Dizem-me as trovas do vento
Que silvam alem da infância
O que ontem foi um invento
Hoje aragem soprando a ânsia...
Que só o vento é que passa;
E ateia o que em mim é criança
O passado cheio de graça
Insuflando versar lembrança...
mas não a nossa desgraça
vivida nas procelas trilhadas
retirando da boca a mordaça
poeto dissipando chibatadas..
que acompanha quem anda
nas nuvens negras dos traços
matizo enfeitando a ciranda
recitando os rastos dos paços.
esforçadamente em demanda
voejo bradando que sentindo
arvora da mente que vianda
A NEGRA Poetisa sorrindo...
do pão escasso e da esperança
sem esquecer o pobre destino
da senzala sua triste herança
louva Castro Alves meu hino....
Glosa... “A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
19/11/2006