O Talentoso Guia Espiritual
Uma terrível nefrite – será?
Tão cruel quanto o tempo,
Invasor de nossas vias ocultadas,
Sonhos cansando a vida...
Semi-cerrado, vejo olhos amarelos,
Quase em meu limite singelo,
Não sei a quem culpar,
Pois tudo desprendeu-se – e quem sabe nasceu,
De um velho pianista,
Que em manias e neuroses,
Matou o velho idealista.
Jesus nos sofisticou,
Tão ortodoxa é nossa prole,
E desde embrião propõe uma cena,
Um ser espera, seja longo,
Ou seja quarentena,
Seu momento cobrir,
Existem flores para isso,
Só para dar – ou para sorrir.
Ele era apenas jovem,
Senil, anjos lhe mostraram,
- talvez algo lustroso -,
Em empreendimento machista,
E sentindo o déficit monstruoso,
Pôs-se a anotar na lista,
E seu nome no topo.
Paralelos anônimos,
Assaz irrelevante é o inquilino,
“Deus não está” bradou o cão,
E em uma procissão para a morte,
-cada pé ao cérebro do chão-,
Chegaram ao dúbio,
O dúbio da razão.
Talentoso é este – e como,
O remédio das sombras,
Tímidas da derrota,
Chegaram tarde para o almoço,
Gritaram cegos, o alvoroço,
“e se assim é”um arriscou,
“que se coma o prato frio”.
Porco jogo, sempre volta,
O homem e sua revolta,
Cozinhando jóias no mundo,
Ainda sim um alto que nos apóia,
Um passo seguido do estrondo,
O estrondo da paranóia.
Quem nos mudou foi infeliz,
Hoje está por um triz,
O super ecatomb,
Vamos ao refúgio da matriz...
Talentoso guia espiritual,
Sua sombra é seu quintal...