NOÊMIA DE PÉ NO CHÃO

(quem ainda se lembra dela finge que esqueceu

pra não se comprometer)

Noêmia de pé no chão

Não era pra se casar

Jamais foi à pedicure – imagine!

Como é que ia se arrumar?!

Mas tinha um jeito faceiro

Que até dava o que falar

Se fosse uma noite, uma hora,

Nem isso... era só chamar.

Um jeito, um trejeito... que jeito?

De qualquer jeito, era só mandar:

Emborca! De costa! Torta!

- ou até de cócora – vamo lá!

Até que Noêmia um dia

Achou de se apaixonar.

Foi logo a uma pedicure. A Noêmia

Agora quer se casar.

Perdeu seu jeito faceiro,

Não deu mais o que falar.

Até virou Noemi:

Noemi Pereira de Alencar.

Mas antes mudou. Com o tempo

Puseram a comentar.

Noêmia, no fim do ano,

Foi morta na porta de um certo bar...

Itapecerica da Serra, 21/02/1998 – 16h10