CANTO PELAS ALMAS CINZENTAS
Canto pelas Almas Cinzentas
Cantemos por todas as guerras
por todas as feras
por todos os homens
Pelos aiatolás e husseins
por todos os kadafis
por todos os politburos
por todas as casas
brancas ou rosadas.
Façamos chegar nossas vozes
nossos prantos
pelas crianças que se perderam nos caminhos
dos desertos
cantemos pelos oásis
que não chegaram
pelas mães que padeceram
sem alcançarem os paraísos,
pelos homens que se foram pela paz
Elevemos nossas vozes
para que elas afundem os navios
e façam calar os sons estridentes
dos metais incandescentes.
Cantemos um canto indecente
para esconder nossas vergonhas,
cantemos um canto-tanque
mais forte que as correntes
mais leve que os aviões
Vamos cantar, de braços abertos
em cada praça de paz celestial
vamos cantar pelo napalm
pela menina nua que ainda chora na foto:
o tempo parou no Vietnã
Por favor, cantem!
pela bandeira fincada na lua
e pela de Iwo Jima
pelos cogumelos vaporosos
pelo Armagedon
pela dureza dos nossos rócheos corações
e pela sutileza das nossas vontades
Apaguemos as pegadas das botas
os emblemas das testas
as divisas dos ombros:
não existem guerras santas
Vamos abafar as vozes metálicas
das armas
as vozes microfônicas
dos cegos de alma
e no universo, sonar, uníssonos
o nosso canto de amor
à PAZ.