Infância perdida
Olha o menino no campo
Em baixo do sol, mãos calejadas
Do canto do galo até o brilho do pirilampo
Brinca com foices e enxadas
Olha o menino na cidade
Bolas ao ar, no vermelho do sinal
Estende a mão pedindo caridade
Inala perfume de cola, repousa em jornal
Olha a menina no campo
Cor de terra é a unha feita
Costas curvadas, sem água no guampo
Fazendo roda na ciranda da colheita
Olha a menina na cidade
Roupa curta, passarela na avenida
Por dinheiro faz o que não é de sua idade
Declamando a infância perdida