Uma criança
Há uma criança crescendo na rua
sem muros e grades a lhe guardar
esperta demais para sua idade
corpo pequeno alma secular
Há uma criança alimentando-se, da rua
com suas paisagens, diurna e noturna
tragada e brindada sob olhares turvos
descalça e soturna, vestida e nua
Há uma criança encolhida no parque
dormindo em coberta de céu e terra
vigiam seus sonhos amigos alados
que com fome limpam sua lapela
Há uma criança abrindo seus olhos
para o caminho que deve trilhar
não quer migalhas, nem regalias
quer direito, crescer, ser e amar
Há uma criança do futuro na rua
vinda de muitos séculos atrás
seu sorriso abala todas estruturas
então nos escondemos, cada vez mais
Joakim Antonio
Publicado 22 de fevereiro de 2011 no blog http://descortinamental.blogspot.com