Andarilho
Meu Carlos estou sentindo
Uma saudade de você!...
Dizia-me enche o pote
É fome DE APETITE!
Gosto muito de canjica!
Está perto da semana santa
Estou esperando
Tem coquinho, leite moça,
Vem bater na nossa porta.
Ah, que alegria te ver
Mas a rua está tão morta
Quando vai aparecer?
Quem será este maldoso
Que espantou você de mim?
Quero ouvir a sua palma
Bem no banco do jardim!
As flores estão murchando...
No mundo é difícil ter alma,
Meu cachorrinho latia,
Feliz, corria e pulava
O portão virava festa
Esta é a minha sesta
Meu sentido descansava
Ao servi-lo, renovava.
Ao sair eu só chorava.
Ah! Meu amigo, meu filho
Jogava o saco nas costas
Todo sorrindo, ia embora
Que tristeza e emoção.
Por que você não voltou?
Tantos anos meu coração!...
Tiraram você de mim
Ou terás outro portão?
Pássaro de galho em galho,
Voando pra todo lugar
Filhinho, diz sua casa?
-Eu vivo pelas estradas.
Sente o sol, a chuva, o luar
O cantinho da marquise
Seu abrigo, até seu lar
As estrelas são adornos
Nos olhos da madrugada.
Esquece esta multidão
Vai seguindo sua estrada
E no fim vai encontrar
Jesus pra te consolar
Você trabalhou em usina
Cortou cana assim eu soube
Mas ela não te deu doce.
Tudo fervendo no tacho
Esquentou os seus neurônios
Perdeu tudo, até seus filhos.
Caiu de desgosto da vida
Mas que caldo tão amargo!...
Na moenda desta vida
Jogado pelas calçadas
Um dia falou sorrindo,
Emocionei-me e sofri:
-Minha Dinda preferida!!!
O copo d’água, o aperto de mão e o pedaço de pão, nos transforma e nos trás em todo momento saúde, alegria e vontade de prosseguir pelas sendas da vida com altruísmo e muitas caricias fraternais.
Muitos abraços para todos.
Juniarios.