Mil novecentos e sessenta e tal,
Era quando, na capital
Dançavam embalados pelas canções
De Elvis Presley e outros figurões.

E então, surgiu nesse cenário,
Com seu pensamento libertário,
João, fumando o seu baseado
E quem não fumava, era quadrado.

Sua mãe era mulher desquitada,
Pelo seu médico, apaixonada
E queria fazer, de João também,
Cirurgião famoso, como ninguém.

João freqüentava o pré-vestibular,
Onde ia, somente para marcar
Encontro com os amigos nos embalos,
Puxando seu fumo nos intervalos.

Não foi surpresa e João levou pau
E prá comemorar foi a um sarau
E assim, João, o libertário,
Não é médico e sim bancário.

Mas como ser caixa, não é mole, não,
Resolveu estudar comunicação
E sua vida foi se transformando
E João foi se radicalizando.

Seu apelido, João, o Mal amado
E logo do cargo foi afastado
E se tornou dirigente sindical,
Aliado a um grupo radical.

Sindicalista e comunicador,
João no que fazia era doutor
E no partido, como delegado,
Entre seus pares era respeitado.

Na avenida, a greve pregava,
No dia D, a agência fechava,
Comandava, então, a greve geral
E dava entrevista, na capital.

Quando o partido, vitorioso,
João, Mal Amado então famoso,
Foi convidado para administrar
O Comando da Saúde Escolar.

E assim, de repente, tudo mudou,
E João, Mal Amado, se encontrou
Com antigos colegas, já formados,
Doutores que eram subordinados.

E nesta estória, por ironia,
Tudo que ocorre é fantasia,
Nada acontece no mundo real
É um sonho vivido na capital. .