Fome!

Sobra fome no prato vazio

O desejo de abrandá-la é indigesto

Enche os olhos com o desperdício descuidado

A Fortuna dos delírios é o pão do dia a dia

Anorexia involuntária, sonhada gula, bulimia

Fome de pão, de compaixão e de atenção

Sobejo de mim alimenta a ti

No lixo extraordinário

O garimpeiro do sustento é milionário

A miséria ampara o esfomeado

E não o deixa provar o sabor da morte

Pobre criança largada à própria sorte...

Luzia Ditzz

Campinas, 20 de março de 2011.