Mãe-menina
Mãe-menina
Ela podia estar brincando de salva ou bambolê,
de princesa, casinha ou ninando uma boneca,
nas melodias de há poucos anos, ainda bebê,
com sorriso maroto, estampado no rosto, moleca.
Podia na escola da vila, aprender geografia...
como diria “não sei pra quê, pro tempo passar...”
E poder crescer, cabeça no lugar e, um dia,
nos seus bem-querer, seu amor encontrar.
Atrevida, sonha nem sabe o quê, de tanto querer.
Boa vida, rica talvez, amada, invejada, por que não?
Sem dinheiro, nem juízo, “eu quero é viver!"
"Curtir a vida, me divertir, não é hora de pé no chão!”
E, na paixão entrega-se a quem vai embora.
Cadê, menina, tua alegria e o sonho teu
náufragos, quiçá sobreviventes, de teu ventre agora?
Só a dor que grita: acorda, criança, você cresceu!
Ela podia na escola da vila
Aprender geografia, inglês, redação...
E a escola da vida, sem pena na mão,
Não lhe daria tão dura lição!
Lídia Sirena Vandresen
(01.10.07)