ABORTAR MISSÃO
Ouso usar o verbo amar
Ouso usar o verbo desarmar
Ouso usar o verbo
Verborrágico hálito de vida ou morte
Verbo curandeiro de curar feridas abertas
Sem curar abortos em ofertas
Literalmente abortados, vertigens descobertas
Na bolsa sem valores de uma placenta sem destino
Sem filhos pra enterrar um útero assassino remói
Sua cólica repentina destrói o que pensa que a mata
Como um camundongo abandonado pela rata
Covas abertas em valas, deserto de penares
Cobertas de lágrimas sem direito a defesa
Convertidas em sangues de anjos cristalinos...
Pedaços sujos de pele necrosada, desovada, desalmada!
Silentes e salinos no vai e vêm das frias pálpebras
Encortinadas de desesperanças... Esfaceladas crianças
Até quando????? O Núcleo da maldade convencerá
que todos nós compactuamos de certo maneira
aos convencionalismos do silêncio covarde?
temos medos de nossos temores explícitos
Que se perdem no movimento da rotina
A cada momento um ser morre na esquina...
Acostumamo-nos com a morte como quem sobrevive
De sobras, lixos catados pra multidão recolher
Como abutres atrás de comiseração do que deixamos pra trás?
Loucos assassinos despejam seminais terminais
Com Conta-gotas infernais...?
Chega de incompostura da carne na lama
Quando da cama tudo bem é prazer e depois???
Chaga de tanta morte à nascitura rolada no abismo
Com direito a vida do molusco abatido sem batismo
Deus é o único senhor da criação e da criatura.
(Jasper março 2011)
*Já para Honório Armond:
“O Amor é a raiva...A rábica luxúria
Que infusórios e sois domina e invade...
Que repele e que atrai...mata e seduz...”