Os Corvos
Indiscretos, corvos buliçosos,
rasgam a pele das presas,
que passam a vida,
sem respostas às dúvidas.
Ciscam sobre as condolências
gravadas em as placas de prata,
sugam essência das flores
compradas nas horas de pranto.
Derramam lágrimas frias,
bem antes do início do velório.
Distante estou do olhar dos corvos.
Astutos e indecentes,
os tempos gozozos,
da próxima ceia.
Às gargalhadas,
bebem o vinho mais caros,
molham as bolachas secas,
no café amargo.
Assustam as crianças chorosas;
são fantasmas vestidos de palhaço
no olhar dos vivos e mortos.
Ah, esses corvos indecentes!
Atrapalham a vida,
Desligam os faróis na passagem dos anjos,
apagam as cores, fecham as janelas,
espalham fezes no escuro das paisagens.