CRÍSIS
Outra quinta negra no Wall Street Journal
Desde o vinte nove a bolsa não faz crack,
Fecha o escritório, cresce o desvario,
Os peixes se amotinam contra o dono do rio
E no vizindário na hora do rosário
Nem carne nem pescado,
Dá-me outra pastilha de apocalipses Now
Enquanto se embolora o livro vermelho de Mao.
Crísis no ego
Todos querem um teco
Crísis no botequim
Crísis de valores
Funeral sem flores,
Dólares de cuequinha.
Crísis na escola
Quem não corre voa,
Sexo, drogas e rock and roll.
Crísis nos ossos
Fotos de sucesso
Criadeiro de caça menor.
Da vontade de nada
Olhando o que se tem
jejum e vacas magras
De Tanger a Bombai.
Século XXI, desespero geral
Este ano os reis magos vão deixar carvão.
E a gorda sonhando que lhe aborda o cruzeiro
Um sexy baiano.
A ritmo de caranguejo avança o porvir
Olhando-se no espelho deste Brasil servil.
Crísis no céu,
Crísis no solo,
Crísis na catedral.
Crísis na cama
Cada sonho um drama
Um real é um dinheirão.
Crísis na lua
A deusa fortuna
Deve um ano de aluguel.
Crísis com lombrigas
Manchas amarelas
Panico do dia depois.
Crísis na moda
Assina e não me fodas,
Esta não é nossa canção.
Guerra de interesses,
Volto fazendo fezes
Abre-me por compaixão.
Putas de rebaixas,
Reis sem baralho
Imundo mundo mundial.
Sábado sem noite
São Paulo sem carros
Livros sem ponto final.
Coma-te os ranhos
Tente não ficar louco,
Mude pra Nova Orleans.
Gripe pós-moderna
Rabo entre as pernas
Clark Kent já não é Superman.
Merda e dissimulo
Crísis pelo cu
Do zero ao teu nariz.
Crísis...