Um tal ninguém

Algo escorria de teus olhos,

mas não eram lágrimas,

era sangue,

sangue de um sofredor.

Homem pobre,

com a mãos cheias de calos,

lágrimas seriam luxo pra ele,

e aliás já haviam secado.

Ficou em seu lugar

a marca de como foi tratado.

Em seu rosto pálido e abatido,

podia-se notar

que o tratamento não foi dos melhores.

Deitado lá como ninguém,

que para a sociedade

não era ninguém mesmo.

Em seus olhos,

dava pra ver a presença da fome.

Nos olhos da sociedade dava pra ver

a presença do desprezo.

Não pedia nada a ninguém,

e também nem tinha forças.

E morreu ali,

como um ser sem importância,

que a ganancia dos mais fortes,

impediu de viver,

para tentar ser alguém.

20/02/2000

Silvana Rodrigues
Enviado por Silvana Rodrigues em 14/02/2011
Reeditado em 30/10/2014
Código do texto: T2791358
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