Um tal ninguém
Algo escorria de teus olhos,
mas não eram lágrimas,
era sangue,
sangue de um sofredor.
Homem pobre,
com a mãos cheias de calos,
lágrimas seriam luxo pra ele,
e aliás já haviam secado.
Ficou em seu lugar
a marca de como foi tratado.
Em seu rosto pálido e abatido,
podia-se notar
que o tratamento não foi dos melhores.
Deitado lá como ninguém,
que para a sociedade
não era ninguém mesmo.
Em seus olhos,
dava pra ver a presença da fome.
Nos olhos da sociedade dava pra ver
a presença do desprezo.
Não pedia nada a ninguém,
e também nem tinha forças.
E morreu ali,
como um ser sem importância,
que a ganancia dos mais fortes,
impediu de viver,
para tentar ser alguém.
20/02/2000