R.A.P (Relatando a Agonia do Povo)

A toda velocidade vai um Opala

Tipo soldados batendo em retirada

Armados com HK e escopeta

Contra a PM reformulada com ponto 40

E uns maluco que vai roubar o banco Bradesco

Chega a tropa de choque com gás lacrimogêneo

Bombas de efeito moral, mais um B.O

Como se fosse na torcida no estádio de futebol

Pro boy de Sportage não é repressão

Fazer o que se pros manos não resta opção

Sair na busca de um colar de alga marinha

E meter um latrocínio na burguesa vadia

Eu só posso ficar na mansão o dia inteiro

Se for pra pintar ou trabalhar de pedreiro

Na aposentadoria descaso do INSS

Mano no 157, outro caixão que desce

Péssima distribuição de renda

Ação mo exterior ou caixão de encomenda

Uma família assinando óbito, a outra festejando

Com carro de vidro blindado pra evitar bala no crânio

Peguei credencial de pente lotado

Não sou gambé e sim um justiceiro registrado

Em ação pra ver seu filho seqüestrado

Logo em seguida chegando o pai pra oferecer o rabo

O Rap diz tudo do Brasil

Relata sem dó a guerra civil

Agora ajoelha, beija meu pé

É o que você faz na ausência do gambé

Algum filho da puta acionou o DAS

Outro que vai fazer companhia pro satanás

O povo psicologicamente abalado

Submisso ao ladrão engravatado

Enquanto o promotor ta processando na justiça

A mãe foi seqüestrada e a mansão invadida

Pra periferia não tem dinheiro

Simplesmente investem na blindagem do Pajero

Passeios, viagens pra Europa

E o povo da favela fica sem escola

Olha a equipe de reportagem do programa policial

Gambé mostra serviço pra aparecer no jornal

Do dia seguinte, depois da operação difícil

Pra mostrar que ninguém do DP é omisso

Entrevista pra emprego ladrão apresenta currículo

157, 12, 121 e latrocínio

Artigo 16 pra cima dos boy

Descarregou 765 no gambé do GOE

Reservou a PT pro gambé do DENARC

Ou pro endividado em loco de crack

Pra ele não apólice no contrato de seguro

Vai meter 213 do outro lado do muro

O Rap diz tudo do Brasil

Relata sem dó a guerra civil

A agonia do povo que ta entregue a covardia

E são pequenas as chances de melhoria

Num lugar onde a brutalidade prevalece

Vou resumindo cantando Rap

O mano La no bar tomando conhaque

Sujeito homem mas ta ali se acabando no baque

Escolas fechadas, molecada sem futuro

Vários corpos no chão, pra reportagem é um furo

Depoimento do maluco no Brasil Urgente

Eu tomo celular de quem tiver na frente

No leilão, quadro do Van Gogh arrematado

Milhões de reais, alvo pros atentados

Invadir seu flat, atirar com rifle fal

Pessoas vestindo preto, outro funeral

Relógio suíço roubado, outro boy assassinado

Depois se vangloria com seu saldo bancário

Enquanto o rico ta ali com seu Audi vidro fumê

A criança no Nordeste não tem nem o que comer

Sem condições, sofre com a seca

E não tem nenhuma 22 pra furar sua cabeça

Na favela não existe malandro nem otário

A razão prevalece com quem anda armado

Político cusão deixa vários mortos

Depois chora, dá o cu pra sair com Habeas Corpus

O Rap diz tudo do Brasil

Relata sem dó a guerra civil

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 13/02/2011
Reeditado em 08/09/2011
Código do texto: T2788754
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