TRINCHEIRAS (GUERRAS CRIAM MAIS ERRANTES DO QUE HERÓIS)

TRINCHEIRAS

(GUERRAS CRIAM MAIS ERRANTES DO QUE HERÓIS)

Guerras criam mais errantes do que heróis

E vejo mortos e crianças inocentes dodóis

Ando pelas trincheiras da guerra de bicicleta

Vejo a não beleza, pois ainda me resta o poeta

Somos mais do que um amontoado de carniça

Somos seres dotados de alma, então cadê a justiça?

Sou cercado de todos os tipos de borboletas

Filhas fugidas de guerras de todos os planetas

Contam que já morreu o branco lírio

Que nas igrejas já não se usa mais o círio

A rosa deixou de ser o símbolo do amor

A cantora perdeu a voz de tanto pavor

Vejo ao longe o piano quebrado na estrada

E o lindo candelabro espatifado, que porrada!

Pedalando entre a civilização em ruína

Tenho a bicicleta que é a verdadeira heroína

Sou um covarde que pedala e chora

Vendo toda a bela arte indo embora.

Resta-me apenas a esperança e as borboletas

Vamos tentar rir e replantar todas as violetas

Venham lindas e mutiladas crianças

Aqui nos sonhos ainda temos esperanças

Esqueçam as pernas perdidas

Pois a nova vida esta ali nas esquinas

E vamos começar nova vida na trincheira

Jogando a maldade e o egoísmo na fogueira

Tentando remendar do homem o coração

E brincando com as borboletas com emoção.

André Zanarella 07-02-2011