A tristeza do sertanejo
É tão notável a tristeza do sertanejo,
percebemos-a em todos os seus gestos;
Seu caminhar é lento,
como quem já se cansou e percebeu que a pressa não se faz
necessária.
Seu olhar é cheio de lágrimas e de recordações.
Sempre cabisbaixo, segue seu caminho calado;
Sem esperanças não olha para o lado para ver se tem alguém para lhe amparar...
Como é triste a solidão do sertanejo,
percebemos-a em todos os seus gestos.
Seu jeito de falar é manso como a brisa da tarde.
É um ciclo de tormentos sem fim sua rotina afeita.
De manhã o café mostra o amargor do dia que está apenas começando.
Na pausa do trabalho,
á tarde a sua única alegria é descansar debaixo de um Ipê amarelo todo florido.
E á noite a lua tenta iluminar a escuridão dessa melancolia tão profunda
que fez morada no coração do sertanejo.
E ele ao perceber todo esse carinho e selo da sua única companhia engasga e quase chora.
Mas como homem não chora,
ele pega na viola e toca para ela todas as suas mágoas de amor.
Depois ele deita em sua cama e sente uma tristeza maior ainda,
pois sabe que no dia seguinte tudo será igual.
Na sua vida nunca acontece mudanças e nem surpresas.
O que chega doer o meu coração
é saber que ele trabalha o dia inteiro debaixo de um sol escaldante,
na mais triste solidão, ganhando tão pouco,
para não ter nem o direito de sonhar...
Essa é a vida do sertanejo
que envelhece de tanto sofrimento
e eu que escuto o seu lamento,
rezo todos os dias
para que a felicidade lhe dê ao menos um beijo.