O que me Ira!

Não sou dada ao mau humor

Mas há dias que me sinto um horror

Basta que eu veja cenas de desamor

Um carroceiro mais que desalmado

Açoitando um animal que sofre calado

A dor da chibatada em seu lombo massacrado

Ah! Se eu fosse um cabra macho

Com certeza descia o braço

A carroça colocava em seu cachaço

Fazer o mesmo trajeto puxando aquela leveza

Açoitava-lhe as canelas, e ai Mané, tá beleza?

Gostou de experimentar um pouco da crueza?

Ah! Fico avessa e revessa, esqueço que sou meiga

Fico preta, azul celeste cor de manteiga

Meu desejo é medir força e deixá-lo capenga

A minh’ alma se comove com tudo isso

Ver o coitado animal judiado, ali submisso

Por quanto tempo isto ainda será permisso?

Diná Fernandes