Águas.
Nascente,
límpida em fio aquoso
brilha azul ao reflexo do céu
transparente ao sabor
reluzente na esperança
que mansa se deleita
rasa ou profunda
se entrega aos desvios verdes
do solo que a aquece.
Vai longe... Seu corpo se alarga.
E a vida que lá está
se entristece pelos
dejetos que apagam seu brilho
de castanho o manto se cobre
um cachecol de espumas que estrangula
o que nas entranhas nasce.
Pedaços de embalagens adornam as margens
como brincos enferrujados
e o corpo que ora era beleza, triste se desfaz.
A ganância em trono majestoso,
desce a correnteza,
com suas máquinas afunda encharca
o que plantado e fecundado foi.
A água viva se faz em angústia
que era pura, que era bela
hoje, em desespero
em luta cega
num grito mudo, atordoado
desliza arrancando do seu leito
o que a ela não pertence
limpando e varrendo desde a nascente
fuligens arraigadas pela modernidade compulsiva.
Apenas chora em clemência
restituam
o que ela um dia foi!
2011 ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS!