O Ciclo

O grito que há

é inibição,

o grito que há em mim

se cala,

O silêncio que existe

é pura sintaxe, terna e fraterna

em nada isenta, com o grito

consente

não se altera,

Transliteração, simbologia,

mergulhados na diversidade

entende-se tudo e todos

mas as palavras são unívocas,

rígidas, impõe respeito

e ordinariamente

apelam

à ninharia

Comunicar-se

de que forma?

aos meliantes da rua

emprestar os fonemas

e exigi-los em usura

Enunciar-se,

como fantasias de jornal

sentido pronto,

ambigüidade que fere

liturgia estática, representativa

boa fé das pessoas

que em ferro é ferida

Já não faço mais palavras,

e as palavras não me fazem

andam errantes como os discursos

simplificam-se ao ridículo

intensificam-se ao pedantismo

nada ouso fazer!

Querendo ou não,

Em minha função

Tento-me a dizer;

Jaz a necessidade

imperativa de falar

Brindar!

Vida desconcertante

com hábitos hilariantes

Alma amalgamada

por não ser amada,

ser glosso-cognoscível

deleite

mero

enfeite

passivo

Há o sossego,

na multidão do tumulto

Em meio à catálise

acelera-se a linguagem

a catarse antecipa-se a imagem

Apenas, comunique

o olhar, retórica de outro olhar

o sorriso, elogio descontínuo

hesitação ,

que motiva a tentar

redesenhar-se,

êxtase

sufoco

murmúrio

ciclo vital de línguas

sentimentos

de todo mundo

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 18/01/2011
Código do texto: T2736089