Des-construção
*"Um dia o epíteto do que fomos será pronunciado por alguém"*
Cego para as dores
Fecundo, em habilidades
Almejadas
Tudo que se apraz
Mesmo que condenável
Ao mais decrépito desejo, satisfaz
A ambição inata
Que pulsa, vivifica,
estrangula, escarifica
Tônica de toda vida
do sonho ao desdém,
Desvirginada,
mas ainda púdica,
Reservada
Sem reservas
Nesse presente
o futuro é dado
como instante-presente,
aos homens presentes,
Futuro, fruto esperado
do presente inconseqüente
Imponderável.
Aspirantes, utópicos,
refratários, reacionários
desistentes
Falam, reagem
Sucumbem
Ao sonho
de uma ambição,
Discursos
Discursos
Logo discorre-se o tempo
em letras mortas
E o amor? é lindo,
e celebrado
Do apogeu ao esquecimento,
em adoração e escárnio
Todos sentem,
dele professam
Logo,
Torna-se réu e delinqüente
de mãos insanas
que simulam o que
no coração há,
Atônitos, débeis
convencidos, conformados
celerados
Já não sabem
o que esperar
A novidade rugosa,
A fé que incandesce
simula, destoa e suporta
A alma já banida
essência de homem recolhida, em
paráfrases, metáforas e alegorias
Conceitos que persistem
Sentimentos que se extraviam
Dia a dia se vai
a esperança
do homem em decúbito,
que só conhece sua dor
Olha-se ao redor,
há ausência em tudo
Menos,
Na permanente dor