PARA MANTER O PODER EM PUNHO
PARA MANTER O PODER EM PUNHO
Quando eu era um rapagote
Já trilhando ruas de versos,
meu avô que admirava
a tudo que eu escrevia
chegou-me calmo e disse
com a voz da experiência:
- Meu filho, vejo na fronte,
do rapaz à minha frente,
que enfrentará muitas agruras
por ter índole decente.
Cuidado com as ataduras,
não seja condescendente.
No meio em que viverá
facilmente encontrará
grupo dividido em grupo,
trapaceiros, gente má.
O ego gritando firme,
desdém em todo lugar;
manchetes divulgando crimes...
e as leis? Ah!... derrubar!...
pra manter o poder em punho,
muito fácil é manipular.
Ou usar o vigor da força
e o fraco mandar pro ar.
Há aqueles - os mais afoitos -,
que se preciso mandarão matar,
e se há arquivo à vista
logo, logo ordem pra queimar.
Só eles são os competentes,
ai daquele que duvidar,
com um murro quebram a pobre mesa,
caboclinho tem que os respeitar.
– Mas... vô! Responda-me, então,
com sua viva experiência.
Se o mundo é todo perdição
por terra está a cidadania.
O que fazer se não tem nação?
encolher-me como em noite fria?
– Mentes iguais sempre se atraem.
O mal jamais derrota o bem.
Se organizados forem coesos,
não dará para mais ninguém.
Até Deus, que nunca falha,
deixará o mundo além
para em pessoa marcar presença
e sem cobrar um vintém.
Não há arma que derrote
uma firme decisão,
que espelhe no seu bojo
organização, amor, união,
pois tudo é partilhado,
por Deus sempre abençoado,
já que é amor + razão.
Vá neto meu, ganhe o mundo,
seja Sol e seja Luz...
Não esqueça um só segundo,
que só o Amor nos conduz
para o que é reto e profundo.
Subi no albatroz dos sonhos,
segui viagem cortando os ares,
Pousei na Terra, nadei nos mares,
e em cada estada a voz de vô.
Que velho sábio! Grande profeta!
Testemunho todos os dias o que ele falou.