Liberto
Onde estava fincada, enraigada esta raiz?
Por onde andou minha indignada indignação?
Nasci liberto.
Livre?
Nasci de nome e sobrenome
e o insone dorme sobre o papelão.
Quando se fecham os portões,
caminha o homem, sem sonhos.
Camisa cor da pele,
contemplativos olhos
mirando horizonte algum.
Nasceu de nome e sobrenome?
Livre, liberto?
O piso frio, os degraus
descem... descem...
jamais acabam.
O dia, a noite, a madrugada.
Corpo inerte sobre o papelão
e a fadiga diurna dorme morna
sentada em anos de desolação.
Livre. Liberta.