Liberto

Onde estava fincada, enraigada esta raiz?

Por onde andou minha indignada indignação?

Nasci liberto.

Livre?

Nasci de nome e sobrenome

e o insone dorme sobre o papelão.

Quando se fecham os portões,

caminha o homem, sem sonhos.

Camisa cor da pele,

contemplativos olhos

mirando horizonte algum.

Nasceu de nome e sobrenome?

Livre, liberto?

O piso frio, os degraus

descem... descem...

jamais acabam.

O dia, a noite, a madrugada.

Corpo inerte sobre o papelão

e a fadiga diurna dorme morna

sentada em anos de desolação.

Livre. Liberta.

Samuel Neri
Enviado por Samuel Neri em 28/12/2010
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