O Natal morreu

O Natal morreu!

Foi no dia vinte e seis

Quando a fome voltou para casa

E o comércio encerrou suas expectativas.

Engraçado,

Como a morte do Natal é festiva

Cheia de papéis picados, risos e restos

A mocinha deslumbrada com seu presente...

Uma bolsa de trinta mil reais.

As crianças, nos sinais,

Acanhadas de estender suas caixinhas

Brincando com seus presentes de não sei quantas mãos

Talvez esquecidas?

De que devem sobreviver mais um dia

Outras crianças nos apartamentos fechados

Com suas alegrias eletrônicas

E gente fazendo as contas para o ano que termina

Também para o que se aproxima

O menino Jesus nasceu

Mas isso foi ontem

E minha filha pergunta, hoje

Quem é que vai trocar as suas fraldas?

Não sei a resposta

O presépio voltou para a caixa

Até o ano que vem

A solidariedade também

* Felizmente. Essa não é uma verdade para todas as pessoas. Homenagem à Dra. Zilda Arns, que morreu defendendo a vida em meio ao sofrido povo haitiano, de maneira incondicional e abnegada. Sua luta me ensinou que o espírito de natal se vive o ano inteiro.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 27/12/2010
Código do texto: T2694712
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