O Natal morreu
O Natal morreu!
Foi no dia vinte e seis
Quando a fome voltou para casa
E o comércio encerrou suas expectativas.
Engraçado,
Como a morte do Natal é festiva
Cheia de papéis picados, risos e restos
A mocinha deslumbrada com seu presente...
Uma bolsa de trinta mil reais.
As crianças, nos sinais,
Acanhadas de estender suas caixinhas
Brincando com seus presentes de não sei quantas mãos
Talvez esquecidas?
De que devem sobreviver mais um dia
Outras crianças nos apartamentos fechados
Com suas alegrias eletrônicas
E gente fazendo as contas para o ano que termina
Também para o que se aproxima
O menino Jesus nasceu
Mas isso foi ontem
E minha filha pergunta, hoje
Quem é que vai trocar as suas fraldas?
Não sei a resposta
O presépio voltou para a caixa
Até o ano que vem
A solidariedade também
* Felizmente. Essa não é uma verdade para todas as pessoas. Homenagem à Dra. Zilda Arns, que morreu defendendo a vida em meio ao sofrido povo haitiano, de maneira incondicional e abnegada. Sua luta me ensinou que o espírito de natal se vive o ano inteiro.