A sociedade e a criança
A sociedade e a criança
A sociedade que exige da criança
o primor de intelectualidade
e disciplína,
com certa frieza
e indiferença,
pode leva-la,
através de conflitos,
aos transtornos psíquicos
e até ao suicido.
A sociedade
que abandona a criança
vai transformá-la
em delinquente.
A sociedade
que mima a criança,
satisfazendo-lhe os menores desejos,
vai torná-la
egoísta,
insensível,
capaz até de cometer crime
nos propósitos de satisfação do seu ego.
A sociedade
que ensina a criança
a buscar a riqueza
a qualquer custo
como sendo isto a própria felicidade,
vai encontrar,
no futuro,
a desonestidade
como símbolo
de capacidade
e de sabedoria
A sociedade
que conduz a criança
a passear
e usufruir o lazer
além dos limites
do equilíbrio
em detrimento
do cumprimento
do dever,
vai leva-la
ao cultivo da preguiça,
sem iniciativa
para o trabalho,
encontrando-se no porvir
com o riso
dissimulando a falsa alegria,
com a indolência,
a irresponsabilidade
e a menor qualidade
de vida.
A sociedade
que insiste com a criança
para que se julgue
mais importante,
mais inteligente,
melhor em tudo,
vai faze-la
adiante
orgulhosa,
vaidosa,
racista,
belicosa,
achando que as características
genéticas e intelectuais
estão acima do sentimento
A sociedade
que prepara a criança
para se isolar
e cultivar
determinado grau de misticismo
para não contamina-la
com o mundo,
sen compreender,
o verdadeiro sentido
da união com Deus,
vai torna-la
com muita fé,
mas sem obras,
fechada em si mesma,
árida com o deserto,
encontrando pela frente
o desencanto
e a solidão.
A sociedade
que educa a criança
para estudar,
para trabalhar,
para cumprir
a obrigação
no lar,
na escola,
onde estiver,
para descansar
e buscar o lazer,
e quanto puder,
progredir
material e moralmente,
sem ferir,
sem lesar,
sem prejudicar,
respeitando integralmente
as outras pessoas
fazendo da honestidade
um bem insubstituível
a ser mantido sempre,
e da bondade
e do equilíbrio
uma constante,
esta sociedade, sim,
transformará enfim
a criança
maior patrimônio da humanidade
em exemplo vivo de amor
e baluarte da fraternidade.