Peço licença à Drumond, pela ousadia de emprestar-me de seus versos para fazer ecoar um grito, quem sabe um grito de pedra, a mesma de seu caminho.



No meio do caminho tinha uma ossada
Tinha uma ossada no meio do caminho

Ossada de filho, mãe, de pai, de irmão
Marido ou mulher
Ossada querida, ossada qualquer!

No caminho de um país, tinha uma ossada
Ferindo as pedras de Drumond
Pedras conhecidas, ossadas banidas!

No chão do Araguaia, tinha uma ossada
Tinha uma ossada no chão do Araguaia

Em covas tristes e tão roubadas...

Cemitério de Perus das mil ossadas
Até Menino Jesus as viu desovadas

Tinha uma ossada no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma ossada

De um povo heróico
o brado
retumbante??

Tinha uma vergonha no meio do país
No meio do país tinha uma vergonha!!




Dedicado a todos que tiveram seus entes queridos ceifados, torturados, dilacerados e jogados à revelia, nas covas clandestinas deste nosso Brasil no período cruel que foi a Ditadura Militar. Especialmente à memória dos que continuam desaparecidos políticos.


Enquanto isso na terra desmemoriada, a Anistia não colocou no banco dos réus, os cruéis torturadores, e arrematando a dignidade corrompida o Sr. Paulo Maluf é diplomado na reeleição como Deputado Federal...Ele, que foi à época, Prefeito da Cidade de S. Paulo e quem mandou construir o Cemitério de Perus, com a grande finalidade de desovar “terroristas”.


Mirea
Enviado por Mirea em 19/12/2010
Reeditado em 19/12/2010
Código do texto: T2681099