Diagnóstico

“Retirante tão sofrida,

Fome, sede, persistência,

Dores tantas, tantos filhos,

Mendigando esperança,

Querendo salvar a vida,

Do pequeno agonizando...”

***

A mãe, com o filho nos braços,

Gritando, pedindo socorro,

O pequeno agonizando,

Ao redor, todos olhando...

Espera, desespera.

Se guarda na ira contida,

Aguarda ser atendida...

O pequeno arde em febre,

Ouve-se o choramingar,

Um fio apenas de vida...

A mulher está descalça,

Sem leitura, sem escrita,

Tendo só por informação

A intuição cansada,

De uma mãe desesperada...

Guiada pelo coração.

Quando enfim chega a vez

De atender o pequeno,

Indaga-lhe o médico altivo:

- A senhora vai dizer,

Procurar me explicar,

Qual foi aquela vacina,

Que seu filho já tomou?

E a mãe indignada,

Achando esquisita a pergunta,

Responde sem ter pensado:

Graças a Deus, Doutor,

Este menino pequeno

Só recebeu benzimentos,

Nunca ficou doente,

E nunca foi vacinado!

A vida apressa o fim

Do fragmento de vida

Desta criança perdida,

Que perdeu a própria vida,

Por falta de informação,

Que sua mãe nunca teve...

O retornou a favela

Não vai mais acontecer...

Ela volta sozinha,

Seu filho está condenado,

Com um vírus que é letal,

Seu filho está condenado,

Pois nunca foi vacinado...

E a vacina que é de graça,

Como de graça é a vida,

Se esquecida é desgraça,

Que dissemina a vida...

E quando passa o momento

De ministrar a dosagem,

Nada mais vai resolver.

Não adiantam vitaminas,

Remédios miraculosos,

De efeito de suporte...

A vida agora é miragem.

Quando se fala em vírus,

Não se espera, na sorte,

O destino, ou mesmo a sina.

Tem que saber o momento,

Com bastante atenção,

Para socorrer as crianças,

Que são vidas, esperanças.

Como ensina a medicina,

Ministrando a VACINA!

(Poema Título da Obra "Diagnóstico)

Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 14/12/2010
Reeditado em 15/12/2010
Código do texto: T2671379
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