Mundo da janela

Da janela do meu quarto

Eu vejo um futuro aberto,

Vejo um grande deserto

Que está cercado a mim.

Da janela do meu quarto

Vejo a imensidão finita,

Que apenas delimita

Toda essa amplidão,

Tornando-a aflita,

Sem rumo, sem direção.

É uma janela sem cor,

Nela reflete a dor,

Como se uma bela flor

Murchasse em pleno sertão.

É uma janela bárbara,

que subjetivamente fala.

O medo reprimido nela se abala.

Quem é cego pode "ver"...

Quem é mudo "fala"...

Da janela do meu quarto

Vejo um país sem cultura,

De um povo que carrega a amargura;

Que tece ambição e luxúria.

Seus sonhos transformam-se em fúria,

Um desaleto profundo, imediato.

Terra de abstinência de valores,

Onde o amor é vulgar.

Onde a educação não se vicia.

Onde rola a maresia

E a droga é a amiga nata.

Um país que almeja bom futuro,

Mas de corrupção está farto,

Incoerente, impuro.

Infelizmente, é isso que eu vejo,

Seja brutalidade ou pelejo,

Da janela do meu quarto.