PASSADELA
 
Então a chuva aparece,
Na manhã escura desce,
Sobre os homens meninos,
Sobre os animais ela cresce.
 
Vá o homem e se apresse,
Faça logo aquela prece,
Corra jovem para o telhado,
Pegue o menino atrapalhado.
 
Linda jovem se esconda,
Ela vem como uma onda,
Senhora recolha a lona, desata,
Meu senhor olha a batata.
 
Venha de lá,
Toma de cá,
Entre já, vou lá,
Resgatar.
 
No alto se vê a água,
Ninguém sabe onde deságua,
Esse mar que do Céu desce,
A nenhum outro lhe aquece.
 
O menino de bermuda,
A menina sem sapato,
Os pingos é um fato,
De no tempo mau contato.
 
Clama calma minha alma,
No canto da chuva meu encanto,
A pessoa que olhou a olhadela,
Passou correndo na viela.
 
Aqui tem,
Apito do trem,
no passar de cem,
fico sem,
ninguém vem.
 
Pelas ruas ela passa,
Minha alma traspassa,
Porque dói ver o povo,
Pensando no sofrimento novo.
 
Sem dinheiro, inteiro,
Sem futuro, escuro,
Sem esperança ou confiança,
Sem amor, sobrou a dor.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INVITÁCION. Edinaldo Formiga. São Paulo: 05/12/09.
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Edinaldo Formiga
Enviado por Edinaldo Formiga em 04/12/2010
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