Meu Rio Piracuruca
Há em minha memória
De sementes e frutos
O rio Piracuruca que conheci.
Ele trazia em si quantos risos
Tantos eram os meninos
A mergulhar em suas águas.
Ramas de salsas nasciam-lhe
Aos pés dos caminhos
Onde cores variadas de crianças
Em inocentes brincadeiras
Anunciavam o branco
Das areias do leito.
O rio de minha infância
Quando transbordava
Apenas pisava nas margens
Por baixo das árvores
Como menino de cócoras
Traquinando da sombra no chão.
E se ouvia da ponte desse rio
Dos meninos, um assobio,
Ao ritmo dos passos
Dos peixes que nadavam:
Passeavam tal flauta mansa
Enleados nas enchentes
De janeiro a março.
Meu rio era uma pessoa
De olhar claro e limpo
E apenas se vestia de afinidade
Com a ladeira das casas
E embora se despisse no verão
Ainda dava ao povo de beber
E quando se enchia o pote
Não vinha lixo, mas água...