Peregrino

Seguia por uma estrada desconhecida,
No meio da jornada, ponteiros a pino,
A face, pela dor, já ia embrutecida,
Pelo Fado, determinando meu destino.

Encontrei uma árvore de sombra lúcida,
Naquele indício de frescor matutino,
Revelou-se tal criatura entristecida,
Eternizou-se no olhar deste poetino.

Minha mente, estática, embevecida,
Irrequieta, centrou-se naquele atino,
Parecia quimera, de amor carecida,
Das copas verdes, soava suave hino!

Mas o humano, corta, arranca, trucida,
Quanto mais o grau de seu ensino,
Mais sua razão é nuvem desfalecida,
Que se precipita em completo desatino...

A vida se renova, brota, é vinda, é ida,
Do oriente, de além mar, o sol surge fino,
Do ocidente, sobre montes, cai a luz falecida,
Ressurgindo todo dia em êxtase cristalino!

A mãe Natura cambaleia de morte ferida...
Enfurecida grita, ninguém ouve o sino...
Meio dia, parei diante de uma ermida...
(Faça tua parte, não espere o divino!)

No negro céu cada estrela foi mexida,
Segui pelo caminho, com olhar felino,
Cantou a coruja, ficou a mata arrefecida,
O meu coração correu como menino...

Fiz versos... Para a vida seguir protegida...
E tu? O que vais fazer, indeciso peregrino?

Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 27/11/2010
Reeditado em 19/04/2011
Código do texto: T2640189
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