LIBERDADE NO ALÉM...
O escravo na mesa
Não come o pão.
O escravo na mesa
Serve o patrão.
Ele engole seco
A vontade de sentar
E naquela mesa
Sua fome saciar.
Já está cansado
Do muito servir
E pro seu senhor
Dar, tudo que pedir.
Tem secreto na alma
A alforria alcançar;
Mas sabe que esse desejo
Nunca realizará.
Não mora na senzala
Na casa grande é que mora.
Seu quarto é nos fundos
É lá que a vida esmola...
Como no negreiro navio
Todos acuados estão.
A dor mais profunda
É a dor do coração.
Sonhar com a utopia
De voltar para a terra querida
Livre como fora outrora,
É a saída, desses escravos da vida!
Talvez a maior liberdade
Seja a da mente.
Nela viaja; passado, futuro,
Se esquecendo do presente.
Dizem que com a morte
Ele terá a liberdade sonhada.
Hoje preso nos grilhões da malícia;
No toco da praça, a chibata, faz o corte...
Amanhã quando amanhecer
E seu sinhozinho vier procurá-lo,
Já não estará entre nós.
O pobre, acabou de morrer...
Acabada está a sina do escravo!
Agora vivificado, corre livre
Entre as nuvens astrais.
Sua utopia não realizou,
Mas encontrou, o paraíso do Pai!
(PEREZ SEREZEIRO)
José R.P.Monteiro SCSul SP serezeiro@hotmail.com serezeiro@yahoo.com.br