LIBERDADE NO ALÉM...

O escravo na mesa

Não come o pão.

O escravo na mesa

Serve o patrão.

Ele engole seco

A vontade de sentar

E naquela mesa

Sua fome saciar.

Já está cansado

Do muito servir

E pro seu senhor

Dar, tudo que pedir.

Tem secreto na alma

A alforria alcançar;

Mas sabe que esse desejo

Nunca realizará.

Não mora na senzala

Na casa grande é que mora.

Seu quarto é nos fundos

É lá que a vida esmola...

Como no negreiro navio

Todos acuados estão.

A dor mais profunda

É a dor do coração.

Sonhar com a utopia

De voltar para a terra querida

Livre como fora outrora,

É a saída, desses escravos da vida!

Talvez a maior liberdade

Seja a da mente.

Nela viaja; passado, futuro,

Se esquecendo do presente.

Dizem que com a morte

Ele terá a liberdade sonhada.

Hoje preso nos grilhões da malícia;

No toco da praça, a chibata, faz o corte...

Amanhã quando amanhecer

E seu sinhozinho vier procurá-lo,

Já não estará entre nós.

O pobre, acabou de morrer...

Acabada está a sina do escravo!

Agora vivificado, corre livre

Entre as nuvens astrais.

Sua utopia não realizou,

Mas encontrou, o paraíso do Pai!

(PEREZ SEREZEIRO)

José R.P.Monteiro SCSul SP serezeiro@hotmail.com serezeiro@yahoo.com.br

Perez Serezeiro
Enviado por Perez Serezeiro em 26/11/2010
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