Choro alimentos,
me fecho e domino as dores
que rasgam à alma onde se vê
pessoas, números em estatística.
Humanos nus em valores capitais
peles e ossos como empecilhos
dados frios em vidas sem cores.
Necessidades esquecidas, mortas
um mundo que enterra seus sonhos,
irmãos que jazem petrificados
diante dos olhares nublados que
soam como relógios parados em
crueldades permitidas por corações fracos.
Choro alimentos,
pelos excessos do mundo
pelas carências da vida
pelas riquezas das peles
pelas fraquezas dos ossos
pelas mãos escondidas
pelos pés acorrentados
pelas doenças desumanas
pelas fadigas dos excessos
pelo comodismo do cobertor
pela anestesia do sofá.
Choro alimentos,
por aqueles que apenas têm o brilho das minhas lágrimas!
Publicado na Antologia Poetar Contemporâneo - Coletivo de Poetas Contemporâneos Lusófonos, vol I.
Edições Vieira da Silva - Lisboa - Portugal.
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Publicado na Coletânea Joaquim Moncks & Amigos - Contos, Crônicas e Poemas.
UBE - União Brasileira de Escritores
Editora Alternativa - Porto Alegre - RS