Morte na grama
Espalmada mão ressaca a arma
Na tosse injente nervosa corja
Bêbado engole fatia de lama
Tempera seu mal com mera sorja
Soltando seu grito ao ver a chama
Subindo um degrau com outra dose
Sabendo seu bolso, vazio, sem grana
Buscando no vento sua esclerose
Achando no chão solto na grama
Corpo sumindo sobre restos
Morto por arma bem sacada
Agora elimentado por insetos
Bêbado morto ali jogado
Sem lado visto do passado
Na fome de ser executado
No jogo da morte sem ver
Sobre a grama foi derrotado
A mão saca a leve arma
Dispara porém sobre seu peito
Antes na lama fosse melhor
Porém na grama não teve jeito
Bêbado pobre injente coitado
Morto, sem nome, sem leito
Ressaca sem muita execução
Coitado bêbado sem futuro
Morto por gosto, com próprias mãos
Na grama ao sol em frente ao muro.
Do meu livro Desgraçadamente Sonhos
publicado em 1991