Morte na grama

Espalmada mão ressaca a arma

Na tosse injente nervosa corja

Bêbado engole fatia de lama

Tempera seu mal com mera sorja

Soltando seu grito ao ver a chama

Subindo um degrau com outra dose

Sabendo seu bolso, vazio, sem grana

Buscando no vento sua esclerose

Achando no chão solto na grama

Corpo sumindo sobre restos

Morto por arma bem sacada

Agora elimentado por insetos

Bêbado morto ali jogado

Sem lado visto do passado

Na fome de ser executado

No jogo da morte sem ver

Sobre a grama foi derrotado

A mão saca a leve arma

Dispara porém sobre seu peito

Antes na lama fosse melhor

Porém na grama não teve jeito

Bêbado pobre injente coitado

Morto, sem nome, sem leito

Ressaca sem muita execução

Coitado bêbado sem futuro

Morto por gosto, com próprias mãos

Na grama ao sol em frente ao muro.

Do meu livro Desgraçadamente Sonhos

publicado em 1991

LUPERSO MARANHÃO
Enviado por LUPERSO MARANHÃO em 12/11/2010
Código do texto: T2611478