Ordem e progresso onde estás?
Em calabouços sociais seus filhos choram.
Imploram igualdade nesta pátria dolorida,
Contida em seus históricos devaneios.
Em teu seio geme a prole empobrecida,
Destituídas do seus direitos de dignidade.
Eis um povo heróico de braços dados,
Vivendo do pouco da algibeira dos corruptos.
Choram mães,filhos e famílias;
Sobre corpos vitimados em sua sorte.
Bastardos são os que roubam nossa nação,
E ainda se dizem brasileiros.
Altaneiros homens fanfarrões fantasiados de gente,
Destilando veneno em palavras sem nexo.
Eis os campos de concentração urbana,
Devorando seres em sua própria casa.
Em tribunais da morte a justiça sangra,
Revelando guerreiros num combate ás escuras.
A mãe gentil revolta se desfaz em lágrimas,
Em rostos desfalecidos que a representa.
Em cidadelas frágeis acorrem os fracos,
Marcados pelo jogo cruel de falsos cristos.
Favelas de tantas promessas,
Reduto dos sacrificados desolados.
Brasil em seus barris de pólvora,
Alvoroço contínuo de gentes desvalidas.