EGO SEM DESTINO

Vento suave passando no rosto

Meia noite, sereno caindo nas folhas

Roendo então os ratos no esgoto

Molhando suas pernas no orvalho

Frio forte, como frio de agosto

E ele jogado, como cartas de baralho

Ego livre, mas, quase sem destino

Idade, rosto e gestos de menino

Avançava tal noite com tanta escuridão

As pessoas andavam livres em contramão

Os sapatos enchiam de areia

Cabelos molhados de chuva

depois molhando as suas veias

Mãos frias sem luvas

E seu sonho é um canto de sereia

Foi embora a chuva que caia

Hora exata meia noite e meia

Com frio e sono procura uma calçada

Na esquina lá naquela padaria

Lá ele encontra um leito

E sonhava enquanto dormia

Exposto ao vento estava seu peito

Caridade ali ninguém fazia

É assim a sua vida, não tem jeito!

Amanheceu e dormindo ele não percebia

Quando acordou era o sol que já nascia

Tanta gente ia e tanta gente vinha

25 de dezembro, era Natal e ele não sabia

Assim vivem nas ruas muitos abandonados

Enquanto gasta, esbanja e come a burguesia.

LUPERSO MARANHÃO
Enviado por LUPERSO MARANHÃO em 06/11/2010
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