Cidadão oculto
Meu teto é o céu
Na minha casa não há portas
Meu endereço não tem como passar,
Ele muda constantemente.
Eu não habito, simplesmente me habituo.
Faço da cidade uma tela
Por onde diariamente, assisto pessoas andando
E delas espero misericórdia
Quando me enxergam, no máximo sou visto como objeto
Por hora me olham com pena, mas na maioria das vezes
Olham-me com desprezo
Como se fosse minha opção aqui estar.
Essa cidade é tão fria que uso o álcool para me aquecer
E para me fazer viajar momentaneamente para longe,
Para longe da minha realidade de cidadão oculto.