SEMPRE AOS DOMINGOS
A calma do dia nascendo, pardais barulhentos.
a preguiça dos que abuzaram da farra na matina.
ninguém na rua e uma canção caipira no rádio
o barulho de um motor pifando a longarina.
O vendedor de pães numa bicicleta silenciosa.
não é a mesma coisa que sua buzina zoeirenta.
um carro policial passando lento na rua deserta.
o vendedor de pasteis descendo pra vila à oitenta.
Sugando a curiosidade de quem lê e não paga.
os matutinos afloram absurdos do dia anterior.
Uma locomotiva apita na virada do morro e some.
a roupa de domingo da rapaziada é colorida feito flor.
o comentário do futebol mais logo à tarde.
antes de uma quebradeira o guarda faz cara ruim.
a dona e seus meninos descem para um almoço fora.
um pandego passa com a garrafa já no fim.
A tarde avança, a noite invade. Acaba o domingo.
a preocupação com a semana enfia todos em casa.
rebuscados em suas cobertas. O silencio reina em leque,
para na segunda feira ir pro muque mandar brasa.