SEMPRE AOS DOMINGOS

A calma do dia nascendo, pardais barulhentos.

a preguiça dos que abuzaram da farra na matina.

ninguém na rua e uma canção caipira no rádio

o barulho de um motor pifando a longarina.

O vendedor de pães numa bicicleta silenciosa.

não é a mesma coisa que sua buzina zoeirenta.

um carro policial passando lento na rua deserta.

o vendedor de pasteis descendo pra vila à oitenta.

Sugando a curiosidade de quem lê e não paga.

os matutinos afloram absurdos do dia anterior.

Uma locomotiva apita na virada do morro e some.

a roupa de domingo da rapaziada é colorida feito flor.

o comentário do futebol mais logo à tarde.

antes de uma quebradeira o guarda faz cara ruim.

a dona e seus meninos descem para um almoço fora.

um pandego passa com a garrafa já no fim.

A tarde avança, a noite invade. Acaba o domingo.

a preocupação com a semana enfia todos em casa.

rebuscados em suas cobertas. O silencio reina em leque,

para na segunda feira ir pro muque mandar brasa.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 29/10/2010
Reeditado em 30/10/2010
Código do texto: T2585835
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