Mundo Hostil

Somos seis bilhões hoje.

Em 50 anos, seremos oito ou nove,

falam os entendidos.

Provavelmente não haverá alimento

pra tanta gente. Principalmente porque

o Primeiro Mundo terá que manter

as suas prerrogativas.

E nisso se inclui a contribuição

a ser “oferecida” pelo mundo excluído.

Segundo ainda os entendidos,

o progresso e o bem viver

são como trilhos paralelos,

correndo na estrada, perdidos:

jamais poderão se entender.

Jamais poderão entender

o quanto já temos sofrido

e ainda vamos sofrer.

Porque o progresso é inevitável.

A engenharia genética,

dizem ainda os sabidos,

acabará sendo usada

para a concepção de armas destinadas

à dizimação de grandes massas.

Enquanto permanecem nas praças,

ou em lugares mais aprazíveis,

judeus (ortodoxos ou não,

não irá fazer diferença),

cristãos, budistas, bolchevistas,

mantidas as suas ilusões.

Todos achando que o bem

triunfará sobre o mal.

Enquanto lá no quintal,

seus filhos armam a cilada.

Detonam a bomba criada

para a vitória do bem.

Só que para aqueles a quem

o bem possa estar garantido,

mesmo que se tenha ouvido

alguma outra voz do além.

Rio, 29/03/2006