Grevista
entrei na onda dos tempos.
fiz greve, bati o pé.
fechei portas de tudo que é jeito.
me isolei do mundo,
mandei tudo às favas,
briguei, bati, apanhei até.
mas hoje, sozinha, perdida e sem rumo,
jogada na calçada dos despachados,
me vejo sem nada, de tudo perdi,
até o meu emprego de cantora.
eu, uma ave canora...
fechado o salão de baile,
naquele sítio, já não posso
trabalhar,
nem de serpentes encantar,
porque sem sol,
sem sua luz...
só tenho uma coisa à declarar:
- lá não volto mais não!
naquele antro vazio,
sem sol, sem salário,
sem nem comida prá
comer, fazer troca,
aquele canto,
não é meu lugar !