Conversado com a Mãe Aparecida

Mãe Aparecida


Mãe Aparecida, ouça, por favor.
Este alguém, que cresceu na rua.
Que precisou do Sol, pra se aquecer.
Pra se iluminar, ele precisou da lua.

Mãe... Eu não estou reclamando.
Da Senhora, eu só recebi carinho.
Mãe mesmo não a vendo, eu sabia.
Que eu não estava, tão sozinho.

Mãe... Quantas vezes eu acordei.
Sentindo que alguém me tocava
Olhava em volta não via ninguém
Era a Senhora, quem me acariciava.

Mãe... Quanta criança hoje dorme,
Pelas calçadas, sem ter um cobertor.
Mãe... Estas crianças são irmãos.
Abandonados e carentes de amor,

Mãe... Só quem vive na rua, sabe.
O valor que tem um pedaço de pão.
Bater nas portas ou pedir esmolas.
Ser recebido com uma pedra na mão.

Mãe... Sentir sede ou passar fome.
Dormir na rua sobre um papelão
Ou se cobrir com restos de jornais
Até ser chutado por algum cidadão.

Mãe... Isso tudo a gente pode suportar.
A gente só não suporta a ingratidão.
Mãe... Diga pra eles que somos gente.
Que em nosso peito pulsa um coração!


Balneário dos Prazeres: 15 / 10 / 2010

Volnei Rijo Braga
Enviado por Volnei Rijo Braga em 15/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
Código do texto: T2559106
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