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Zé Povinho Não Queria Muito

Zé Povinho quer nutrientes,mas,apenas tem o insuficiente que pouco nutre;

Zé Povinho tem ambição, mas, apenas tem o pretexto da conformação;

Zé Povinho quer saúde, mas, só se depara com as mazelas do seu corpo pouco são;

Zé Povinho tem esperança, para tão apenas barganhar com a diuturna desilusão;

Zé Povinho quer fé, mas, só vislumbra pecaminosos desacertos vãos;

Zé Povinho tem filhos, que se aglomeram assoberbando sua aflição;

Zé Povinho quer lazer, mas, só se distrai com o circo e pão que na fartura dão;

Zé Povinho tem desejos, mas, que se aniquilam com as poucas chances do mais acre chão;

Zé Povinho quer conforto, mas é inquilino da mais que incômoda marginalização;

Zé Povinho tem revoltas, que o Estado as trata nos divãs da terapêutica opressão;

Zé Povinho quer ser gente, mas, morreu com um tiro, elixir contra insubordinação;

Zé Povinho não queria muito, e quase nada tinha, não teve direito de ser cidadão, jaz agora na vala da indiferença que já o acompanhava apelidada de nãos.

O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 02/10/2010
Reeditado em 11/02/2011
Código do texto: T2533016
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