CHUVA

É tempo de chuva! De amargura!

É tempo de vento forte, que aventa as botoeiras dos coitados.

E continuam a ser coitados, sem casa, desanimados e tentados a brisa.

E onde pisa? A cada lágrima vazada dos olhos a dor acompanha em seus peitos, que agora sem leitos, terão de deitar as mãos na cabeça. Pois a cabeça? Não tem mais onde botar.

O homem e a sua astúcia desafiam o poder de Deus fazendo a ira voltar contra si. Em longo prazo e a cada passo dado.

E a cada suspiro, a cada arrepio, tudo se transtorna e explica como nos chega o fim.

Pra abiscoitar a competência o machismo é capaz de fazer e desfazer o seu ter mais que importante:

A sua casa, a terra, seu chão, seu país, sua região.

E se desterra e enterra esperanças, abrindo uma cratera de interrogação a cada segundo calculado.

Segundos passados, pensados, cogitados na trama de uma maquina a qual dá a dádiva de arrancar a existência de outras fulanas que viram caras-caveiras e muitas vezes inocentes, encenam os verdadeiros culpados.

E passam as chuvas e amarguras até que tudo se acabe e chegue um novo jeito de pensar, novo sonho pra sonhar ou um novo ar pra respirar.

Nai Rocha

Salvador, 27 de maio de 2009

Nai Rocha
Enviado por Nai Rocha em 14/09/2010
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