DESESPERO
Pão e água,
água com pão,
vela acesa, luz elétrica, não !
Cama fria, sem colchão,
tábuas duras, a salvação.
Feliz, talvez sim.
Feliz, talvez não.
Barriga cheia de água com pão.
Noite fria, longa demais,
menino chorando, procurando paz,
sentindo dores, ninguém se importa.
Couro come em suas costas.
Dorme, diabo, não estás satisfeito ?
Brincaste o dia todo, mas, com que brinquedo ?
Choro cortado, soluços fraquinhos,
menino se cala e se prepara.
Se não morrer,
vai enfrentar, sem muito prazer,
A vida malvada que vão lhe oferecer.
E, quando crescer, compreenderá
que, mesmo na dor, há migalhas de amor.