VOTO

Dê-me seu voto!

Tudo lhe dou,tudo eu posso;

Sua casa eu troco,

Faço qualquer negócio.

Não tenha medo! Nem mordo nem coço

E sua escolha é nada, é troço

Que todo mundo dá e eu gosto;

Não se arrependerá,eu aposto!

De sua família, a boca eu adoço

E suas vontades, eu entorto

No verbo ou a mão até encosto.

Se preciso, eu aperto, eu forço.

Você não é você, é nosso

E seu cheque eu endosso,

Pro seu pirão eu dou os ossos

Que sobram, alimento teus porcos,

Teus filhos, pago teus impostos;

Sacio tua sede,revivo teus mortos,

Faço tua cerca, abro teus poços

E uma vez eleito, eu adoro,

Ver você a rezar pai-nosso,

Choramingando teus caminhos tortos.

Do meu pedestal de orgulho bócio

Esquecerei ligeirinho o teu voto

Comprado! Idiota! Nunca te vi

Nem de ti eu gosto.

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 04/09/2010
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