Choupana amorosa

Um amor numa cabana é uma família em graça.

Alma nenhuma, que não for sensível, sem asas,

nem vôo àlgum destino fadado jubila esperança

de ver crescerem as sementes, suas grandezas!

Ainda que de furos coalhado,o teto constelará

d'encantos d’arte,qu’incrível mistério derrama

sobre as almas imantadas na mais sutil doçura,

herdeiras da suavidade que o cosmo proclama!

Mas é preciso ter asas,garras,fé e intenções,

para vibrar neste mundo e emoção multiplicar,

com alegria infinita, entoando a Deus canções

de gratidão pelo espaço recebido para semear!

A choupana será um castelo d’incrível riqueza,

de benditos contos acariciantes, onde pessoas

com alma de rosas se perfumam e à Natureza,

em mútua doação bonança um barraco realiza!

Fatigados do bulício,carecendo tranqüilidade,

vários repousam um pouco, repousam um tanto,

sentindo a graça do consolo,a doce serenidade,

do chalé pobre que resguarda tamanho encanto!

Quantos desventurados erram sem eira e beira,

sonho a sonho cismando,um barraco buscando,

para a sorte de abrirem janelas à doce aurora

e verem a prole inteira e inocente chegando!

Risonhos casebres e cabanas! Almos barracos

de almas que povoam os Mistérios iluminados,

entre risos e soluçando aglutinam seus cacos,

oriundas da chama sacra,entes enflorescidos!

Se possível fosse migrar dum castelo suntuoso

a um modesto casebre,toda a nobreza da corte,

cansada de esnobismo,que privilégio majestoso,

anular opostos! Florir,alvorecer libertamente!

Rico e mendigo saberiam que sabor tem a paz,

sonhada e combatida com tantas armas erradas;

cad’alma sincera compartilharia, sendo capaz

de rebrotar lares afins, sem portas fechadas!

Santos-SP-23/09/2006