Os tantos não sorrires

Querem nos roubar descobertas

Deixar por baixo das orgias, nas cobertas

A falsidade de horas estas

Que toda nossa gente honesta detesta

Enquanto permanece funesta

E os porcos de burros nos atestam

E o mundo é todo festa

La Joconde sorri num quadro

Dela vale tanto o sorriso

Do nosso sorrir não precisam

Ou nunca deram precisão

Será que ainda não viram

O sorrir de um menino,

O não sorrir do mendigo

O não sorrir tão faminto

O não sorrir do assassino

E outros tantos não sorrires

Tiraram-nos o senso em comum

Que nem precisava ser crítico

Vendo o sorriso do político

Que nem um pouco narciso

Sonha em ter seu monólito

Na Praça que nomeou

Lar dos mendigos

Uma estátua sorrindo

Em meio aos nossos conflitos

Em meio aos nossos "eus" paralíticos

Esperando o nosso cataclismo...

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 31/08/2010
Reeditado em 09/09/2010
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