Os tantos não sorrires
Querem nos roubar descobertas
Deixar por baixo das orgias, nas cobertas
A falsidade de horas estas
Que toda nossa gente honesta detesta
Enquanto permanece funesta
E os porcos de burros nos atestam
E o mundo é todo festa
La Joconde sorri num quadro
Dela vale tanto o sorriso
Do nosso sorrir não precisam
Ou nunca deram precisão
Será que ainda não viram
O sorrir de um menino,
O não sorrir do mendigo
O não sorrir tão faminto
O não sorrir do assassino
E outros tantos não sorrires
Tiraram-nos o senso em comum
Que nem precisava ser crítico
Vendo o sorriso do político
Que nem um pouco narciso
Sonha em ter seu monólito
Na Praça que nomeou
Lar dos mendigos
Uma estátua sorrindo
Em meio aos nossos conflitos
Em meio aos nossos "eus" paralíticos
Esperando o nosso cataclismo...