Sem mestre
A minha infância foi cheia de palavramundo.
Fantasias,
Poesias...
Ditas de outra forma.
Eu não as escrevia.
Assim na escola, não tive mestres.
Os lugares falavam.
Cada lugar da minha velha escola.
Falava de mim, falava pra mim.
Hoje eu me reencontro com esta mesma escola.
Os mestres ainda não existem.
Um dia escreverei um livro e terei uma noite de autógrafos.
Na escola da minha infância, me senti também acuado, patinho feio, desolado, tímido.
Aonde estava o desencanto?
As crianças do pátio...sentia-me ameaçado: vou te pegar na hora da saída.
É, eu tive medo de reencontrar a minha escola,
Porque parte dela me pertencia, fazia parte de mim.
Eu nunca a esqueci.
Então aonde está o encanto?
Nos olhos dos filhos daquelas crianças que corriam pelo pátio que agora são os meus alunos, o encanto estava na minha velha escola que me recebeu de abraços abertos.
(Inspiridado no poema de Cora Coralina, Mestra Vitalina)
Rudolf Rotchild